top of page
  • White Facebook Icon
  • White SoundCloud Icon
  • White YouTube Icon

Você já teve aquele momento mágico na música?

  • Alexandre de Faria Oliveira
  • 16 de nov. de 2016
  • 4 min de leitura

Neste dia, que também coincide com meu aniversário, gostaria de compartilhar algo com vocês.

Ontem fui tocar no casamento de um amigo, cerimônia e festa, e a despeito de todas as dificuldades e estresses que fazem parte dessa tarefa fui dormir com um sorriso que ia de orelha a orelha!

O motivo?

Eu tive a oportunidade de fazer música com pessoas apaixonadas pelo que fazem!

Um pouco do que aconteceu

Chegamos uma hora antes da cerimônia para passar o som e fazer os ajustes finais nas músicas que iriamos tocar.

Tudo estava nos conformes às 16:30, quando o Baterista, Dario Ricco, meu amigo de longa data e quem eu considero o melhor baterista disponível no mercado disse "Vamos tocar alguma coisa?".

Quem é músico sabe que essa pergunta é a maior causadora de amnésias.

Depois de algum tempo pensando decidimos criar algo na hora, começar a tocar sem saber o viria à frente.

O salão estava vazio, os convidados estavam andando pelo sítio, que alias foi um dos sítios mais lindos que já fui até agora!

Teclado, baixo e bateria começaram a tocar.

Logo em seguida o violino e o cello se juntaram a nós e entraram na brincadeira.

Quem conhece um pouco o meio musical sabe que não se costuma esperar que esses instrumentos tenham a habilidade ou disposição de improvisar, mas eles eram diferentes! Eles improvisavam, ouviam, reagiam ao que fazíamos e com muita graça e perfeição!

Aos poucos o salão foi se enchendo de pessoas.

A harmonia que propomos se manteve ao logo do tempo que estivemos tocando, porém brincamos muito com as possibilidades rítmicas!

Começamos com uma proposta meio Black passamos pelo Jazz, Blues, Latin, Ritmos Brasileiros tudo sem cessar de tocar, sem deixar cair.

Não é possível descrever com palavras o que aconteceu naquele lugar, somente quem toca e já passou por isso sabe o que é! Parecia que nos comunicávamos musicalmente, não eram necessárias palavras, não era preciso gritar "Decresce!", bastava um toque que todos entendiam. Foi um momento mágico, foi um momento indescritível.

O salão se encheu, mas mais do que se encher era possível ver nos rostos das pessoas, em suas expressões o fascínio!

Estávamos já tocando a quase 1 hora, que passaram como se fossem 10 minutos, e foi quando em meio a tantos pequenos motivos, frases e ritmos percebi que estava tocando uma figura que parecia com a abertura da marcha nupcial, decidi abraçar a ideia. Pensei "Será que eles vão sacar? Será que cola?", decidi seguir. Violino e Cello imediatamente entenderam a brincadeira e se responsabilizaram por ela.

Ao final de nossa brincadeira, com quase 1 hora de música totalmente não planejada, terminamos tocando uma versão da Marcha Nupcial.

Depois disso seguiu a cerimônia, certamente a melhor que já toquei até hoje!

Estávamos conectados, estávamos naquele lugar especial que a música tem, lugar onde todos se entendem, todos se leem, conseguem se sentir, se ouvem, lugar esse onde parece que você consegue tocar até mais e melhor do que costumeiramente!

Fogo que arde

Pensando depois, maravilhado por tudo que aconteceu ao longo desse evento me peguei pensando no que e o porque isso aconteceu, e a resposta veio rápida e muita clara à minha mente: Todos que estavam lá eram extremamente apaixonados pelo que fazem!

Todos tinham sede de música, tem paixão por sua arte e isso teve reflexo em quem estava assistindo! Foi isso o que fez as pessoas decidirem se concentrarem no salão da cerimônia enquanto tinham um sítio maravilhoso à sua disposição!

Alguém poderia indagar "Mas como você sabe que eles simplesmente não entenderam que vocês estarem tocando seria uma espécie de chamada para o início da cerimônia?", e a resposta é: Porque o noivo falou para mim que todo mundo ao final veio à ele tecer elogios pela banda "Aonde você achou esses caras?".

Não foi algo que se tratou de tocar as notas certas, não se tratou de tocar algo conhecido para atingir o emocional das pessoas, até mesmo porque tocamos por 1 hora algo que não existia.

Foi a energia, a paixão, aquele fogo que queima dentro, aquela necessidade de fazer esse algo que chamamos de música, que as vezes me pego perguntando "Porque nós seres humanos temos essa coisa com a música?".

Então também me peguei pensando nas bandas que até hoje ouvimos: Beatles, Led Zeppelin, Pink Floyd, Van Halen ... (complete aqui com uma banda que você ama). O que elas tinham de especial? O que fez elas serem o que são até hoje? Se você pesquisar você vai descobrir que é exatamente o que aconteceu acima! Paixão!

Eles alugavam um espaço e ficavam tocando, buscavam aquele lugar que achamos ontem naquele casamento e era nesse lugar que eles queriam fazer música e é por isso que eles até hoje são o que são!

Uma mensagem

Há momentos em que nos vemos cansados.

Cansados pelo trabalho, cansados pelo estudo, cansados por causa de ensaios, cansados por muitas vezes estarmos tocando demais.

Mas não podemos deixar o fogo, desejo e a paixão por fazer música se apague de nós!

Não podemos cair nos formalismos, tocar somente o que esta no papel, no que esta combinado ou no que foi acordado no contrato.

Quem sente essa necessidade essa paixão faz para si, faz para buscar estar naquele lugar da música e isso se reflete em que ouve!

Quantas pessoas reclamam da falta de público, mas será que você esta tocando com paixão? Será que não esta somente preocupado em tocar as notas certas, fazer o que foi combinado meramente? Esta buscando criar aquela energia, aquele momento mágico?

Ontem me vi no meu lugar, aquele era meu lar entre as notas que trocamos naquela comunhão, naquela troca que fizemos entre nós e fui muito feliz por saber que ao meu redor estavam pessoas com a mesma paixão e necessidade de fazer música e tocar do que eu! E eu não poderia pedir melhor forma de me despedir de mais uma década vivida! E a esses que fizeram parte daquele momento quero aqui agradecer!

Claudemir - Trompete

Vagner Luiz - Saxofone

Alexandre do Carmo - Violino

Thiago Faria - Cello

Fabrício Sampaio - Baixista

Dario Ricco - Baterista

E como B.B. King diz ao final de "Riding with the King":

"I´m gonna play this thing, until the day I die"


Comments


Músico, Compositor, Arranjador, Produtor, Tecnico de áudio, Neurótico e as vezes um ser humano...

Formado em Composição pela Unesp, passou 1 ano e meio morando na alemanha e estudando música...
É professor de Violão e Guitarra na Associação Musical Jahn Sorhein, trabalha com gravações in loco, escreve arranjos e fingi que compõe...

  • Black Facebook Icon
  • Black SoundCloud Icon
  • Black YouTube Icon

© 2023 by Nerdices Musicais Blog. Produzido por 3Torres

bottom of page